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Mostrando postagens de março, 2014
Anoitece O dia já dormita. Aproveito o intervalo entre os dois tempos e crio um só para mim. Nem de luz, nem de escuridão. Festejo-me na neutralidade. Nessas horas delicadas, eu não gosto de pensar...
Um canudo feito de mamoeiro para fazer bolhas de sabão e a festa da alegria, começava no bequinho, ao lado do tanque de cimento. Ali ficavam os apetrechos à brincadeira: à esquerda da parede das três janelas e uma porta entre elas. Eram, por bem dizer, três olhos e uma saída, retangulares, que viam por dentro, a casa que nos via. As bolhas, elas efervesciam multiplicadas, e eram de uma transparência, naquele azul - que eu chamava -, àquela cor que não tinha nome, nenhum, que eu conhecesse. Aglomeravam-se, formando estruturas de cristal. Tanta ardileza, que soprada, enchia-me as mãos. Tão grande a delicadeza da água ensaboada, escorrendo em glóbulos de ar luminosos. Um friozinho molhado nas mãos e nos braços, hoje sei, trazia àquela sensação, o recurso de me fazer inteiramente feliz.

Março

Minha trepadeira espicha, serpenteando, parindo folhinhas, Meu pezinho de manacá inaugurou quase meia dúzia de folhas verdinhas, Ontem fez-se uma chuvinha fina, constante, ao meio da tarde. Minha irmã logo fará anos. Tenho uma dúvida quase desinstalada, uma certeza quase ajustada, Ontem, também, sonhei um fosso em cone, profundo, De onde se podia ver um retângulo de águas límpidas. Ao redor, em cima, pedras e desertos. Quem sou eu a perguntar dos meus sonhos o significado? Respondo-me: Sou eu a sonhadora e só a mim pertencem as decifrações. Eu poderia me decifrar se tivesse mais tempo ou paciência. Em março, atrevo-me somente a me buscar...