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Mostrando postagens de 2010

Clube do Coco e a identidade cultural alagoana

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A origem do Coco Alagoano, para uns surgiu da mestiçagem entre indígenas e negros, para outros, sua origem vem de Angola, mas, José Aloísio Vilela (jornalista, folclorista, conferencista. Alagoano, natural de Viçosa), situa o embrião do Coco entre os negros dos Palmares. A cadência do ritmo teria se dado quando os negros rachavam o coco para a retirada da amêndoa. O folguedo está associado às festividades juninas, mas pode acontecer em quaisquer festividades importantes. O Coco de Roda é uma das mais primitivas manifestações do Coco. Com coreografia simples, é formada uma roda de dançadores, onde as palmas, os cantos entoados e o sapateado de um ou dois pares de dançadores, que se colocam no centro da roda, escolhem, através da umbigada, outros pares para os substituírem. O Coco tradicional é assim. Bom lembrá-lo quando se aproxima o Dia do Folclore e quando grupos comprometidos com os folguedos populares: A Liga de Coco de Roda, Liga dos Bois, Baque Alagoano e artistas do Clube do Coc

Depois da Vida: um filme para além da morte

No final da década de 1980, assisti Blade Runner (1982), de Ridley Scott. Esse filme me deixou impressionada pela maneira como trazia a discussão sobre o caos resultante da modernidade, como promessa para a emancipação do homem contemporâneo. E não apenas isso. Mas o olhar com vieses múltiplos onde como não poderia deixar de ser, estão presentes a filosofia, a antropologia, sociologia e as questões da religião, dentro de um contexto futurista, que, de passagem, à época do lançamento do filme, já nos alcançou, me intrigou bastante. O confronto paralelo que remonta as perguntas sem resposta da criatura ao seu criador é culminante. Mexe com qualquer um. De lá pra cá, sempre revisito o filme e descubro a cada leitura refeita, novas percepções sobre ele. Agora me debruço sobre outro espetáculo do cinema. Desta vez, Depois da Vida, (1998) do diretor japonês Hirokazu Kore-Eda. Fazendo um paralelo entre ele e Blade Runner, ambos propõem a quem vê a obra cinematográfica, momentos distintos que

O monsenhor Luis Marques, dois padres e os ex-coroinhas

O que entra em julgamento, afinal? Mais um escândalo envolvendo um monsenhor e padres da Igreja Católica, ocupa o cenário no mundo da notícia. Ex-coroinhas resolvem denunciar abusos sexuais sofridos. No Cada Minuto, jornal onde escrevo, informação satisfaz a curiosidade dos leitores, os comentários se multiplicam. Alguns defendem os rapazes envolvidos, outros, os sacerdotes, outros a Igreja, enquanto instituição. Alguém insinua que em outras cidades alagoanas há o que ser investigado à respeito do mesmo assunto, outros elogiam a coragem de Roberto Cabrini, o trabalho do SBT, alguns acusam os ex-coroinhas por extorsão e chantagem. Ainda, há quem chame o advogado, Daniel Fernandes, contratado dos padres, como Advogado do Diabo. Quem está com a razão? Pela manhã, ao fazer a minha leitura costumeira pelos jornais de Maceió, me deparo logo de cara, com a notícia, que me leva a ver o vídeo, e nele, as cenas desfocadas, mas que dão pra perceber, do ato sexual praticado, entre um monsenhor e u

A natureza da estética e o prazer na sociedade de consumo

Um conterrâneo amigo enviou para mim um excelente texto de Antônio Cícero, da Folha de São Paulo Ilustrada, que se intitula: “Mind the gap”, um termo inglês que nas estações do metrô, em Londres, significa “cuidado com o vão” ou “atenção ao vão” e daí o termo vai sendo ampliado até chegar à natureza estética, apreendida por ele. O excelente e delicioso texto de Antônio Cícero faz vir à minha mente a obra, Dialética do Esclarecimento, dos frankfurtianos, Adorno e Horkheimer, que versa sobre a cultura, o que inclui a estética, fruição, dentro dos moldes da Indústria Cultural. O sentido de Arte e de Cultura, sendo revirados nessa nossa época chamada Modernidade. Parto das idéias de Platão sobre o bom e o belo que sempre me perturbam, (...) como ponto de partida e vou até Aristóteles, que diferentemente de Platão, acredita que o belo seja inerente ao homem, afinal, segundo ele, a beleza de uma obra de arte é assim concedida por critérios tais como proposição, simetria e ordenação, tudo em

PELO LABIRINTO DE ODETE

Ia pelo caminho lembrando disso e daquilo. Comprei as coisas numa pressa danada. Disse a Odete que ela comeria lasanha. Disse só pra me ver livre da cara de decepção dela me dizendo: “Quando vi que não tinha lasanha, perdi a alegria da festa”. Como pode alguém deixar um encontro da família sem significado, estando rodeada de parentes e de afeto, só porque faltou lasanha? Despautério. Pura provocação. Não seria de outra forma pra ela. Então prometi, fingindo dar muito caso à reclamação: “Tá certo, minha querida; dá próxima vez que a gente se encontrar de novo, você vai comer o que deseja”. Nada está bom pra ela. Nunca. Infelicidade. Meu desejo de ser compassiva é quase desfeito nos melindres - essa coisa meio parecida com armadilha-, que vivo dando nomezinhos e usando de eufemismo para não dizer que é mau agradecimento. Odete é uma mal agradecida. Isso sim. Vive de fazer chantagem emocional com quem quer que seja que queira gostar dela, e dar demonstração disso. Tempos atrás eu me alivi